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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Como atrair capital de investimento para sua empresa?


Reprodução
Campus Party
Rafael Arbulu

"Investidor nenhum vai te dar dinheiro simplesmente porque você merece".

Essa frase não só foi dita, como também esmiuçada em todos os seus detalhes, durante uma palestra sobre empreendedorismo e investimento de capital para startups na Campus Party2012. Os porta-vozes chamaram pessoas da plateia e exemplificaram situações que auxiliam o empreendedor a abordar e apresentar um projeto para investidores em potencial.

Em entrevista para o Olhar Digital, o professor Adalberto Brandão, COO do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da FGV e um dos convidados para falar sobre o tema no evento, nos mostrou quais são os principais problemas enfrentados por empreendedores brasileiros que, por um erro ou outro, não conseguem atrair investimento para seus projetos.

"Não existe uma receita básica para se fazer um pitch - uma abordagem para pedir investimentos. O que todo candidato tem que fazer é apresentar um modelo forte de negócios e saber provar para quem tem o dinheiro que a ideia tem potencial", diz Brandão. "Um bom pitch, porém, sempre tem que mostrar planos de ação, dados do mercado a ser abordado por aquela ideia, a escalabilidade e a possibilidade de crescimento do seu negócio - o investidor nunca tem tempo de pesquisar essas coisas pois a agenda sempre é lotada, então o ideal é que tudo isso seja apresentado rapidamente e da forma mais completa possível", diz.

De acordo com Brandão, o problema do empreendedor brasileiro é que ele "vive de extremos": "Tem gente cujo projeto nem saiu do papel e já se fala em 'propostas milionárias' ou que essa ideia 'vai mudar o mundo' - essa falta de bom senso afasta qualquer investidor logo de cara". Mas o aviso parece não ter sido absorvido pelos convidados: ao final da palestra, três pessoas diferentes o abordaram com "ideias realmente inovadoras". Brandão agradeceu a abordagem, ofereceu uma forma de contato, mas fez uma ressalva: "Cara, eu já ouvi duas ou três ideias inovadoras e a palesra acabou há cinco minutos".

Reprodução

Para Brandão, a inovação é um fator importante, mas é apenas um lado da moeda. Em outras palavras, não dianta você chegar com a ideia mais mirabolante de todas, sem ter um plano certo para aplicá-la - algo que o acadêmico e investidor definiu como "pé no chão": "Se você não consegue ser razoável para apresentar um projeto no papel, como é que eu vou confiar na sua capacidade de executar essa ideia a longo prazo? Imagine só, um cara que já falou todo o projeto e terminou seu pitch, mas eu continuo sem entender o negócio dele. O pitch é, a grosso modo, o reflexo do que você quer executar. Erros graves, porém muito comuns, como não se dar ao trabalho de mensurar o seu mercado ou como rentabilizar uma ideia só servem para caracterizar a incapacidade do empreendedor brasileiro de apresentar alguma coisa".

Os mesmos padrões devem ser levados em consideração independentemente de você procurar um banco de investimentos ou um angel investor - pode ser até mesmo uma pessoa física que dispõe de capital para investimento: "O investidor-anjo é o cara que não somente dá o dinheiro, mas funciona como um mentor para fazer seu negócio ter aquele crescimento inicial. Ele é mais indicado para quem está começando uma empresa, ao passo que um banco de investimentos é mais indicado para negócios amadurecidos - mas ambos necessitam do mesmo convencimento".

Esse tipo de dedicação de um candidato a um banco de investimentos, segundo Brandão, deve ser dobrado se o sonho do empreendedor reside em ser bem sucedido em um mercado saturado: "Vamos pegar o exemplo do jornalismo. Existem repórteres e empresas de mídia aos montes. Você tem que ter atitude para mostrar que você não é só mais um que quer dinheiro de investimento para 'fazer a empresa crescer' ou 'contratar mais funcionários'. Eu mesmo sempre dei destaque para aqueles que já começaram algo antes de me pedir qualquer ajuda. A atitude com a qual você aborda seu negócio diz muito de você - e é isso que o investidor olha primeiro". Ele ainda complementa, dizendo que "não basta você ter o melhor dos produtos se não souber de alguém que esteja disposto a pagar por ele".

Mas, para Brandão, o pior argumento de um candidato é o de que "não existem concorrentes para a sua inovadora ideia": "Olha, dinheiro nunca fica parado. Se eu não estou investindo em você, é porque estou investindo em outro. Todo mundo tem um concorrente e justamente por isso que você consegue contabilizar aplicações de mercado, quantificar dados e projetar a rentabilização", explica, mas com a ressalva de que isso não significa que acabaram as boas ideias: "Se pararmos para pensar, o Facebook nunca foi único, já que o Orkut veio antes. Mas foi Zuckerberg quem fez as coisas direito, como vemos hoje. Tudo depende de para que serve sua grande ideia. Ela resolve algum problema que os outros falharam em tocar? Essa pergunta é necessaria", finaliza.

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