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terça-feira, 24 de abril de 2012

Você se lembra do mIRC? Ele não morreu!

mIRC
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Se você tem menos de 20 anos, com certeza, não conheceu o mIRC em sua época áurea. Este cliente de IRC (Internet Relay Chat) foi criado e desenvolvido por Khaled Mardam-Bey, em 1995, com o objetivo de ser um programa de chat onde seria possível conversar com milhares de pessoas ao mesmo tempo sobre um assunto específico. Bastava entrar em alguma sala de seu interesse e ficar horas batendo papo online com um grupo de pessoas.

Durante anos, antes da chegada dos softwares de instant messaging, o mIRC era campeão absoluto em popularidade. E mesmo após a chegada do famoso ICQ, MSN e outros programas similares, o mIRC ainda tinha certa relevância na internet, especialmente entre a comunidade de software livre que, até hoje, se encontra em salas para compartilhar descobertas e conhecimentos.

Em 2003, o mIRC já figurava no top 10 das aplicações de internet, segundo um ranking da empresa de pesquisa Nielsen. Em 2008, o programa atingiu a marca de 150 milhões de downloads. Isto não necessariamente indicava o número de usuários da ferramenta, mas dava uma ligeira ideia de sua popularidade.

A rede chegou a ter quase 50 mil usuários e 1 milhão de conexões todos os dias. Estes números podem não ser nada perto do MSN ou GTalk hoje, mas na época, quando banda larga só existia em filme de ficção científica, era impressionante reunir tantas pessoas em uma comunidade virtual.

No Brasil, o canal que mais concentrava usuários era o Brasnet, que foi criado por volta de 1995, logo no ínicio do serviço no país. Mas, em maio de 2007, quando o último servidor do grupo foi fechado, os usuários brasileiros que ainda pingavam por lá abandonaram de vez a rede.
Histórias do mIRC mIRC

Muitas histórias se passaram no mIRC, inclusive namoros e movimentos culturais como as raves, festas de música eletrônica que ganharam força no Brasil devido a um canal (#BR-Raves) criado por fãs do gênero musical. A lista de discussão no mIRC ajudou no lançamento de um dos primeiros sites focados em música eletrônica do país, o Rraurl, além da organização de diversas raves, que na época eram pouco conhecidas e divulgadas. "Nós tínhamos um núcleo de festas de House Music que rolavam no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. E isso se fortaleceu muito devido à lista de discussão BR-Raves", lembra Dudu Marote, produtor musical.

Além das comunidades nascidas virtualmente, algumas relações amorosas também se estabeleceram sob as páginas do mIRC. A bióloga Natália Ribeiro conheceu seu noivo por meio do serviço, em 2002. Na época, ela morava em Salvador e ele em São Paulo, mas a plataforma deu a possibilidade de, durante cinco anos, manterem um relacionamento à distância. A partir de 2007, os dois passaram a viver na mesma cidade e, agora, estão prestes a casar. "No mIRC conheci grandes amigos, que guardo até hoje no meu coração, muitas risadas, lágrimas, IRcontros e, principalmente, meu grande amor", conta a leitora.

Algo parecido aconteceu com a jornalista Joana Saccuman. Em 1999, ela conheceu seu ex-marido na extinta Brasnet e em menos de um ano eles se casaram. Desta união nasceram dois filhos, que atualmente curtem muito internet justamente por saberem que "vieram dali". "Eu e o Ricardo [ex-marido] somos muito amigos e ainda usamos a web para bater papo. É impossível não me sentir grata ao mIRC, pois foi através dele que ganhei meus maiores presentes da vida", finalizou.
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A volta do mIRC

Apesar de fazer parte da história passada da internet, até hoje, o mIRC conta com fiéis usuários, que não abandonaram totalmente a plataforma. O número atual de acessos diários não está nem próximo de ser o que já foi um dia, mas ainda assim mostra que o mIRC definitivamente não morreu. Ao questionarmos no Twitter do Olhar Digital quem ainda usava a plataforma, tivemos algumas respostas.

O leitor Thiago Arraes foi um dos que fizeram questão de elogiar o serviço. Ele disse que, atualmente, existem cerca de 800 mil pessoas ativas na rede. Por isso, resolveu realizar uma campanha, intitulada "Volta mIRC", para promover a reaproximação dos antigos usuários e para lembrar os internautas de que o mIRC não morreu. "O Slogan da campanha é: ‘um mundo bem maior do que sua lista de contatos’, que ironiza a lista do MSN, que sempre traz as mesmas pessoas. No MSN você não conhece pessoas novas a não ser que você dê seu email, enquanto que no mIRC você encontra gente disposta a conhecer pessoas novas", conta Thiago.

Para ele a grande vantagem do mIRC é que você pode conhecer pessoas novas todos os dias. Ele conta que conheceu pessoas do mundo inteiro, da Europa e América do Norte até de países asiáticos como Indonésia e Cingapura. "As redes sociais não promovem o encontro de pessoas como o mIRC fazia. Agora você tem que conhecer a pessoa para depois adicionar. Quando um estranho pede autorização, é comum as pessoas não aceitarem. Já no mIRC era possível conhecer as pessoas antes de se tornar amigo", lembra.

Outro leitor, Yucatán Costa, frequentador de uma comunidade de software livre, diz que nunca largou o mIRC e segue usando diariamente o cliente mesmo que paralelamente a outros programas como Gtalk, Skype e MSN. "Eu usava para conhecer novos amigos, combinar saídas no final de semana, festas, etc. Hoje uso mais como ferramenta de trabalho, suporte e conhecimento", explicou.

Já Andrea Azevedo acredita que o mIRC começou a perder popularidade quando os programas de mensagens instantâneas começaram a invadir a web e houve um aumento significativo de conteúdo informativo na web. "Com o conteúdo crescendo na internet, o mIRC deixou de ter papel importante para troca de informação e pesquisa. Inclusive o canal #Espiritismo acabou migrando para outras ferramentas como o Paltalk, e portal de notícias e demais serviços, para dar a continuidade à pesquisa e expandir informação sobre o assunto", diz.

Natália também não consegue mais agregar boas experiências dentro do mIRC, mesmo tendo contado boas histórias relacionadas ao serviço no passado. Em 2011 ela baixou o programa novamente, pois tinha se deparado com a campanha de "ressuscitação", mas se decepcionou bastante com o que que viu. "Falaram que o mIRC estava de volta e me deparei com pessoas diferentes e papos sem graça. Acho que depois das redes sociais, que sabemos um pouco da vida de todo mundo, o mIRC perdeu seu encanto", concluiu.

A conclusão é que o mIRC não morreu, mas depende exclusivamente dos usuários para se tornar um serviço atraente novamente. O criador da campanha "Volta mIRC" explica que por haver poucos usuários hoje em dia, as salas estão monótonas e vazias, portanto, a ideia é que a campanha reavive nos antigos usuários aquela vontade de se relacionar e tornar os canais lugares interessantes de se passar algumas horinhas. "Nunca abandonei porque faço parte de um grupo de amigos que adora conversar ali e acreditamos numa possível ressureição", concluiu.

Ficou com saudades da ferramenta? Quer contribuir para a volta do serviço? Se sim, clique aqui e faça o download do cliente. Aproveite este momento de nostalgia e conte-nos, nos comentários abaixo, qual foi sua experiência no mIRC e porque você abandonou o serviço. E para saber mais sobre outros programas antigos da web que permanecem ativos, clique aqui para saber onde anda o ICQ, Napster e Fotolog.

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